Hibridações

Agora que sabem prever as geometrias de compostos moleculares vamos ver quais são as orbitais atómicas de valência que dão origem a estas geometrias.

Uma vez que as orbitais de valência que são soluções da equação de  Schrödinger não justificam as geometrias moleculares é necessário introduzir o conceito de hibridação. Logo nas primeiras aulas de Química Geral vimos que a  resolução da equação de  Schrödinger só é possível para o átomo de hidrogénio e fornece soluções para as funções de onda (e energias) das orbitais atómicas possíveis para o electrão deste átomo:

1s, 2s, 2p, 3s, 3p, 3d, 4s, 4p, 4d, 4f, etc. Para átomos polielectrónicos, para os quais não sabemos qual o potencial a que estão sujeitos os electrões, os níveis de energia possíveis  (e correspondentes funções de onda)  estão deslocados em relação àqueles que sabemos calcular exactamente para o electrão do átomo de hidrogénio. Uma orbital atómica corresponde a um estado de energia de um electrão sob a atracção de um núcleo. Este estado de energia (e a função de onda) é diferente para diferentes átomos e altera-se quando um átomo está ligado a outro e os electrões estão sujeitos ao potencial conjunto dos dois núcleos. A hibridação de funções de onda atómicas  tem um fundamento matemático e quântico sólido mas fora do âmbito da cadeira.

Uma vez que  vamos tratar moléculas constituídas por elementos representativos que apresentam apenas uma ou quatro orbitais de valência, só vamos considerar  geometrias de moléculas em que os átomos constituintes apresentam no máximo quatro zonas com electrões à sua volta.

As orbitais híbridas sp 

As duas orbitais sp são obtidas por combinação de uma orbital s com uma orbital p e fazem entre si um ângulo de 180º. As duas orbitais p que não entraram na hibridação são perpendiculares às orbitais híbridas e só podem estabelecer ligações pi.
hibridação sp

Por exemplo, a molécula  H-Be-H, em que o Be (configuração electrónica  de valência  2s2 ) apresenta duas zonas com electrões, é descrita por duas ligações sigma obtidas por sobreposição das orbitais 1s dos 2 átomos de H com as duas orbitais híbridas sp do Be que fazem entre si ângulos de 180º. A molécula H-Be-H  é linear.

As orbitais híbridas sp2 

Se se combinarem duas orbitais p com a orbital s, obtêm-se três orbitais híbridas sp2. Estas três orbitais fazem entre si ângulos de 120º  e a orbital p que não entrou na hibridação é perpendicular ao plano definido pelas orbitais híbridas.
hibridação sp2


A molécula BH3 em que o B (configuração electrónica  de valência  2s22p1 )apresenta três zonas com electrões e consequentemente geometria triangular plana, é descrita por três ligações sigma obtidas por sobreposição das orbitais 1s dos 3 átomos de H com as três orbitais híbridas sp2 do B. 

BH3

No etileno,  H2C=CH2, os dois átomos de carbono, cada um dos quais rodeado por três zonas com electrões, apresentam hibridação sp2 .As orbitais híbridas de cada carbono estabelecem ligações sigma com as orbitais 1s dos hidrogénios e com a orbital sp2 do outro carbono.  As orbitais  p  estabelecem uma ligação pi.

As orbitais híbridas sp3 

Combinando-se as orbitais atómicas s e as três orbitais p obtêm-se quatro orbitais híbridas equivalentes sp3 que se dispõem segundo os vértices de um tetraedro.
hibridação sp3

No metano,  CH4, a orbital 1s de cada átomo H estabelece uma ligação sigma com uma orbital híbrida sp3 para formar uma ligação C-H. As 4 ligações C-H fazem entre si ângulos de ~109º. O azoto na amónia e o oxigénio na água apresentam igualmente hibridação sp3.


amónia

água

Resumindo:

Exemplo:

Ácido acético, CH3COOH




 





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2002 Palmira Silva