Tópico 40 - Hibridação sp3: NH3

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A amónia e a água, NH3 e H2O, respectivamente,  são os exemplos mais simples de moléculas poliatómicas em que o átomo central apresenta pares de electrões não partilhados e hibridação sp3. Quando isso acontece, a estrutura tridimensional da molécula é diferente da encontrada para o metano (link metano) embora a geometria das orbitais permaneça tetraédrica . 

O azoto (configuração electrónica 2s22p3) tem quatro orbitais de valência e cinco electrões para as preencher. Assim,  uma das orbitais do azoto está ocupada com um par de electrões não partilhado (que pode ser utilizado numa ligação covalente dativa) e estabelece três ligações covalentes. 

A molécula de NH3 é uma molécula que apresenta geometria piramidal e em que o azoto estabelece três ligações equivalentes com os átomos de hidrogénio.  Recorrendo à Teoria de Orbitais Moleculares para descrever esta molécula obtêm-se orbitais moleculares obtidas por combinação linear de todas as orbitais atómicas dos átomos constituintes, isto é, tal como o carbono no metano, o azoto na amónia apresenta  hibridação sp3  e uma configuração electrónica: [He] sp32sp31sp31sp31.

Três das orbitais híbridas sp3  apresentam sobreposição máxima com a orbital 1s de cada um dos hidrogénios e a restante corresponde a um par de electrões não partilhado. A amónia é descrita como apresentando um par de electrões não partilhado e três ligações σ (localizadas) resultantes da sobreposição ou enlace topo a topo das orbitais 1s do hidrogénio com as orbitais híbridas sp3 do azoto. 

Figura 1 -Ligação química na molécula de NH3. De notar que as ligações N-H fazem entre si ângulos de 107.8º, isto é, na amónia os ãngulos de ligação são ligeiramente inferiores aos ângulos de uma geometria tetraédrica perfeita (109.5º), devido à maior repulsão do par isolado.

As ligações N-H são ligações polarizadas e na amónia, contrariamente ao que acontece no BH3 (link para polaridade), a soma vectorial dos momentos dipolares μN-H não é nula e a amónia apresenta um momento dipolar μ = 1.42 D. A amónia apresenta assim um centro de cargas negativas localizado no átomo de azoto e um centro de cargas positivas localizado entre os hidrogénios, como é representado na Figura 2.



Figura 2 -Momento dipolar e superfície de densidade electrónica para a molécula de NH3. Nesta última, o vermelho indica elevada densidade electrónica (carga negativa) e o azul indica baixa densidade electrónica (carga positiva).

Tópico 41 - Hibridação sp3: H2O

No oxigénio (configuração electrónica 2s22p4), duas das quatro orbitais de valência estão ocupadas com pares de electrões não partilhados (que podem participar em ligações covalente dativas) e as duas restantes estabelecem ligações covalentes «normais».

A molécula de H2O é uma molécula que apresenta geometria angular e em que o oxigénio estabelece duas ligações equivalentes com os átomos de hidrogénio.  Recorrendo à Teoria de Orbitais Moleculares para descrever esta molécula obtêm-se orbitais moleculares obtidas por combinação linear de todas as orbitais atómicas dos átomos constituintes, isto é, tal como o carbono no metano e o azoto na amónia, na água o oxigénio apresenta  hibridação sp3  e uma configuração electrónica: [He] sp32sp32sp31sp31.

Duas das orbitais híbridas sp3  correspondem assim a dois pares de electrões não partilhados e apresentam sobreposição máxima com a orbital 1s de cada um dos hidrogénios. A água é descrita pelo enlace de valência como apresentando dois pares de electrões não partilhado e duas ligações σ (localizadas) resultantes da sobreposição ou enlace topo a topo das orbitais 1s do hidrogénio com as orbitais híbridas sp3 do oxigénio. 


Figura 2 - Ligação química na molécula de H2O. A  ângulo de ligação H-O-H na água é de 104.5º.

A água é uma molécula polar com um momento dipolar μ= 1.85D que corresponde a  2 x μO-H x cos (104.5/2).  Na molécula de água o centro de cargas negativas está localizado no átomo de oxigénio e o centro de cargas positivas localiza-se entre os hidrogénios.